Um assunto bastante popular no cinema e na televisão é uma forma de perda de memória conhecida como amnésia. O Dicionário Médico Stedman define a amnésia como "distúrbio na memória de informações armazenadas namemória de longo prazo, que se opõe à memória de curto prazo, manifestado pela incapacidade total ou parcial de lembrar experiências passadas". A amnésia é um quadro em que o paciente não consegue recordar memórias armazenadas, como o nome de solteira de sua mãe ou o que aconteceu no último Natal, embora consiga recordar a piada com jogo de palavras que seu irmãozinho acabou de contar. Este é, na verdade, um exemplo de amnésia retrógrada.



Tipos de amnésia

  • Amnésia anterógrada: incapacidade de lembrar eventos depois da ocorrência de um trauma ou da manifestação da doença que causou a amnésia.
  • Amnésia emocional/histérica: perda de memória causada por trauma psicológico; normalmente um quadro temporário.
  • Amnésia lacunar: incapacidade de recordar um acontecimento específico.
  • Psicose de Korsakoff: perda de memória causada pelo alcoolismo crônico.
  • Amnésia pós-hipnótica: perda da memória mantida a partir de um estado hipnótico; pode incluir a incapacidade de recordar acontecimentos que ocorreram durante a hipnose ou informações armazenadas na memória de longo prazo.
  • Amnésia retrógrada: incapacidade de lembrar eventos ocorridos antes do trauma ou da manifestação da doença que causou a amnésia.
  • Amnésia global transitória: perda espontânea de memória que pode durar minutos ou até algumas horas; geralmente observada em pessoas de meia-idade ou idosas.
Fonte: Dicionário Médico Stedman
Para entender como se dá a perda de memória, primeiro é bom saber como armazenamos as memórias. Se você leu Como funciona o cérebro, sabe que o cérebro humano é um órgão fascinante. Ele nos dá o poder de pensar, planejar, falar e imaginar. Ele também nos dá a capacidade de criar e armazenar memórias. Em termos fisiológicos, uma memória é o resultado de alterações químicas ou mesmo estruturais nas transmissões sinápticas entre os neurônios. Conforme ocorrem essas alterações, algumas vias são criadas. Estas vias são chamadas de traços de memória. Sinais podem percorrer estes traços de memória pelo cérebro.


Memória

  • Memória de curto prazo: refere-se a memórias que duram de alguns segundos a alguns minutos.
  • Memória de longo prazo intermediária: refere-se a memórias que podem durar dias ou mesmo semanas, mas que acabam se perdendo para sempre (a menos que sejam transferidas para a memória de longo prazo).
  • Memória de longo prazo: refere-se a memórias que podem ser recordadas por muitos anos (talvez por toda a vida).
Existem diversos tipos de amnésia, que podem ser causados por doenças ou um traumatismo craniano. Algumas vezes, a perda de memória associada à amnésia inclui todo o passado da pessoa; outras vezes, apenas alguns pedaços se perdem. Na maioria dos casos, a amnésia é um quadro temporário e bem curto, com duração de alguns segundos a algumas horas. No entanto, a duração pode ser maior. Dependendo da gravidade da doença ou do traumatismo, pode chegar a semanas ou até meses.
Conforme o amnésico vai se recuperando, resgata primeiro as memórias mais antigas e depois as mais recentes, até que quase toda a memória tenha sido recuperada. A lembrança daquilo que aconteceu próximo do momento do acidente ou do início da amnésia geralmente nunca é recuperada. As duas formas de amnésia mais discutidas são a amnésia retrógrada e aamnésia anterógrada. Quando a pessoa tem amnésia retrógrada, ela não consegue resgatar memórias que ocorreram antes do início da amnésia. Quando a pessoa tem amnésia anterógrada, ela não consegue se lembrar de coisas que aconteceram após o aparecimento da amnésia.
A formação e o armazenamento de memórias é um processo complexo que envolve diversas regiões do cérebro, incluindo os lobos frontais,temporais e parietais. Uma lesão ou doença nessas áreas pode resultar em graus variados de perda de memória.
Para que a memória de curto prazo passe a ser memória de longo prazo, ela deve passar por um processo conhecido como consolidação. Durante a consolidação, a memória de curto prazo é repetidamente ativada - tanto que ocorrem alterações químicas e físicas no cérebro que "embutem" a memória para acesso a longo prazo. Se, durante essa ativação repetida, algo interromper o processo, como por exemplo um trauma cerebral, a memória de curto prazo não consegue se consolidar. As memórias não podem ser "armazenadas" para acesso a longo prazo. Deve ser isso o que ocorre na amnésia anterógrada.
Acredita-se que a consolidação seja realizada nos hipocampos, localizados nas regiões do lobo temporal do cérebro. Pesquisas médicas indicam que os lobos frontal e temporal são os mais freqüentemente prejudicados em uma lesão de crânio. Este é o motivo pelo qual muitas pessoas que sofrem um traumatismo craniano ou uma lesão cerebral grave apresentam amnésia anterógrada. Se os hipocampos sofrerem uma lesão, o amnésico será capaz de recordar memórias antigas, mas não conseguirá criar nenhuma memória nova.